VELHAS DISPUTAS, NOVAS ARENAS: NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO, DEMOCRACIA AMPLIADA E CIDADANIA ATIVA
Cláudio Correia de
Oliveira Neto
correia.claudio@rocketmail.com
Historiador – UFRN
Especializando em EJA no
contexto da diversidade- IFRN
Mestrando em História –
UFRN
Técnico de Nível Médio
Integrado em Controle Ambiental – IFRN
Izabel
Corrêa ao discutir transparência e democracia traz uma importante contribuição
a discussão ao introduzir o elemento tecnológico como elemento chave para uma
nova postura de cidadania ativa ao usar estas ferramentas para fiscalizar as
atividades e gastos parlamentares. Outro importante elemento que ela trouxe foi
a desconfiança como força positiva capaz de produzir ou induzir a produção de
tecnologias que auxiliem o cidadão a cuidar dos recursos públicos e cobrar
providencias. As novas tecnologias da comunicação e informação (NTICs) possibilitaram
estender as formas de participação no espaço público. A retomada do espaço
público é um marco significativo na contemporaneidade, desde a idade moderna o
que se via era um crescente processo de individualização que começa a se
reverter com as criações das mídias sociais. O documentário britânico “Vítimas
do facebook” relata como ainda estamos nos acostumando com as novas divisões
entre o espaço público e o privado. A recente área pública, agora muito mais
ampla do que em momentos históricos anteriores (resultado de um mundo
globalizado e conectado), acaba funcionando como um grande autofalante para sábios
e idiotas, onde a pós-verdade se alastra como praga. Como tudo na vida as NTICs tem potenciais benéficos
e maléficos, podendo ser usados por gregos e troianos.
Seja
qual for o espectro político atuante ele pode canalizar o poder das NTICs a
favor de seu jogo de interesses. As velhas disputas pelo poder e pela palavra
ganharam uma nova arena. Os conceitos de democracia e cidadania são agora
altercadas em escala global e em tempo real.
Usando
do mesmo princípio da desconfiança e das NTICs um grupo de empresários de tendências
neoliberais organizaram um ranking político no portal http://www.politicos.org.br/ onde
qualquer cidadão pode acompanhar o desempenho de seus representantes no legislativo
nacional e inclusive usar este ranking para, caso deseje, escolher em quem
votar na próxima eleição. Os critérios usados pelo site são a assiduidade do
político, participação pública, processos judiciais, projetos relevantes
apresentados/aprovados; privilégios dos quais usufrui ou abri mão e
outros. Pelos critérios adotados o
deputado federal Jean Wyllys ocupa a 452º colocação e o deputado Jair Bolsonaro
ocupa a 42º colocação. Obviamente o site se coloca como apartidário e sem
filiação ideológica.
Durante
as eleições municipais de 2016 a influenciadora digital e youtuber Júlia
Tolezano, mais conhecida como Jout Jout (CLIQUE AQUI), apresentou em seu canal a plataforma http://www.quemmerepresenta.org/ de linha mais centro esquerda. Ao contrário
do apresentado no parágrafo anterior, este é construído pelo próprio público
que voluntariamente entrevista os candidatos de seus municípios que respondem a
um questionários sobre os mais diversos assuntos. Em seguida o voluntario
registra os dados coletados na plataforma. O eleitor que desejar entra na
plataforma preencher um questionário similar ao do candidato e então o programa
da plataforma indica quais os candidatos combinam mais com o que você deseja e
defende.
Ao
mesmo tempo que as NTICs podem nos auxiliar a fortalecer a democracia , ela
também pode minar a mesma, é o que nos mostra o João Carlos Magalhães ,
doutorando na London School of Economics, onde pesquisa as implicações
políticas e éticas de redes sociais algorítmicas. Em seu artigo intitulado “Democracia
e internet: precisamos falar sobre algoritmos”(CLIQUE AQUI) ele denuncia que o uso de
algoritmos acaba minando um dos princípios democráticos: o pluralismo de
ideias. Graças aos algoritmos vivemos em bolhas ideológicas que nos isolam,
impedem o debate e inflamam amores e ódios. Isto porque os algoritmos das redes
sociais selecionam aquilo que mais gostamos ou concordamos, nossas mídias sociais
não refletem a realidade, mas apenas o que queremos ver, dando reforços
positivos aos nossos egos.
Na
pegada da cidadania ativa surge o aplicativo “Mudamos+” onde o usuário pode
propor um projeto de lei e os demais usuários podem assinar apoiando. Chegando
a 2 milhões de apoiadores/assinaturas o projeto de lei passa a ser levado ao
legislativo para que seja votado. A ideia vem de iniciativas populares como a
Lei da Ficha Limpa que é 100% de iniciativa popular.
Os
rumos das NTICs na nossa democracia e cidadania apontam para auxiliar talvez
utopicamente o fim do modelo representativo e o início de uma democracia direta
(cada cidadão votaria nos projetos de leis sem precisar do deputado como uma
grande eleição diária) proporcionada pelos avanços tecnológicos e engenharia de
bigdates (gerenciamento de grandes quantidades de dados e informações).
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