APOLOGIA A FUNÇÃO SOCIAL DA HISTÓRIA

Por Cláudio Correia de Oliveira Neto

            A Ciência Histórica ou História não é um mero exercício intelectual de pessoas sofisticadas que cismaram em viver de passado. A História tem Função Social e o Historiador tem deveres para com a sociedade. Mesmo que a maioria da população não saiba para que serve a História (infelizmente alguns profissionais também não sabem ou fingem não saber) ela é usada e abusada para os mais diversos fins ( da escolha do atual namorado até o voto para presidente). A Apologia que hoje faço é uma súplica ao Historiador, pois nossa omissão custa caro a toda sociedade.
            Todos os seres humanos tem necessidade de construírem sentido para sua existência. O sentido do ser é baseado entre outras coisas na noção de sua finitude que faz perceber o Tempo. É tentando gerenciar o Tempo que o sujeito usa a Consciência Histórica. Este tipo de Consciência, inerente ao homem, pode ser definida como a operação mental de interpretar a experiência passada para auxiliar nas escolhas do presente e  criar expectativas para o futuro.
Ter e mobilizar a Consciência Histórica não é uma opção ou um dom, trata-se de uma necessidade tão elementar como respirar. Continuando com a analogia da respiração podemos concluir que todos inspiram e expiram, cada um com a sua forma de maneira inconsciente na grande maioria dos sujeitos, mas alguns tomam ciência de sua respiração e conseguem discipliná-la para respirar melhor trazendo benefícios para todo o corpo, assim também é com a Consciência Histórica. 
Os Historiadores são aqueles que tomam ciência de sua Consciência Histórica e conseguem por meio do Método Histórico discipliná-la para optar melhor (de acordo com os interesses) trazendo benefícios para o todo ou para grupos sociais específicos. A Função Social dos Profissionais de História é fornecer ao seu público um arsenal teórico – metodológico que os permita as benesses do Método Histórico para pensar a vida prática. De posse da Metodologia da História é possível fazer uma leitura crítica (capitar os interesses e jogos de poder) da sua realidade e altera-la ou não.
A Orientação Temporal é uma carência sempre do tempo presente, por isso o Historiador não pode se furtar das Emergências Sociais que o cercam. Muitos têm negligenciado questões como a historicidade das medidas socioeducativas aplicadas aos menores infratores, a mudança do código penal, à disputa pelo monopólio do conceito de Família e a historicidade da violência. Há quem negligencie inclusive importantes fontes históricas para o cenário nacional e a construção de sua identidade como as telenovelas nacionais, os principais telejornais brasileiros, os programas policialescos, as redes sociais de vídeos (you tube) entre outros.
Todas as Emergências Sociais aqui citadas (e outras possíveis existentes) tem uma historicidade, mobilizam representações de passado, interesses do presente , projetos de futuros e  necessitam que nós historiadores forneçamos subsídios para que a sociedade possa realizar uma leitura mais complexa da realidade nacional e global construindo e optando por caminhos com mais consciência, mesmo que não sejam  as melhores escolhas (mas isto vamos deixar para outra postagem).

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