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Mostrando postagens de 2014

APOLOGIA A FUNÇÃO SOCIAL DA HISTÓRIA

Por Cláudio Correia de Oliveira Neto             A Ciência Histórica ou História não é um mero exercício intelectual de pessoas sofisticadas que cismaram em viver de passado. A História tem Função Social e o Historiador tem deveres para com a sociedade. Mesmo que a maioria da população não saiba para que serve a História (infelizmente alguns profissionais também não sabem ou fingem não saber) ela é usada e abusada para os mais diversos fins ( da escolha do atual namorado até o voto para presidente). A Apologia que hoje faço é uma súplica ao Historiador, pois nossa omissão custa caro a toda sociedade.             Todos os seres humanos tem necessidade de construírem sentido para sua existência. O sentido do ser é baseado entre outras coisas na noção de sua finitude que faz perceber o Tempo. É tentando gerenciar o Tempo que o sujeito usa a Consciência Histórica. Este tipo d...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE VII)

APÊNDICE: PEDRAS DO CAMINHO CRONOGRAMA A Pesquisa Histórica exige disciplina e planejamento, sem elas dificilmente será feito alguma coisa. Para auxiliar neste sentido é fundamental que o Historiador logo após formular sua problemática elaborar um cronograma. Este instrumento serve para orientar o trabalho prático e como termômetro da pesquisa mensurando o quanto avançou ou o quanto precisa avançar. O cronograma deve conter ações bem descriminadas e com prazos definidos. Ele deve ser refeito à medida que a pesquisa avança ou estagna e mesmo que você não o cumpra rigorosamente é necessário tê-lo para se referenciar onde você está e onde pretende chegar. Não há objetivos no cronograma, há metas. A meta é algo pontual e com prazo. Veja o exemplo: META PRAZO Ler capítulo 2 do livro X 01 DE AGOSTO ATÉ 10 DE AGOSTO Ir ao Arquivo da Arquidiocese 10 DE AGOSTO Fichar o capítulo 2 do livro X 11 DE AGOSTO ...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE VI)

A PRODUÇÃO A Pesquisa Histórica se materializa em um produto. Este pode ter variadas formas dependendo sempre do público ao qual se destina ele pode ser um artigo científico, uma resenha, uma reportagem, um jogo, um livro, um inventário de documentos. O produto é sempre fabricado a partir do mesmo método, todavia se apresentará de forma distinta podendo uma mesma pesquisa gerar vários produtos para vários públicos distintos. A diversificação de formas é um terreno fértil para a divulgação do conhecimento histórico, porém ainda é pouco explorado, pois a minoria dos historiadores tem a consciência de que nem só de artigo cientifico vive a História. Investir em produções mais direcionadas seja para o público especializado (ex.: guias de pesquisas de fontes na internet ou bibliotecas digitais que facilitem o acesso a bibliografias) ou para os leigos (jogos, livros paradidáticos) é uma obrigação social da História que deve prestar contas à sociedade. Nossa ultima postagem indicando...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE V)

A INTERPRETAÇÃO Para a História interpretar é Construir Sentido Histórico. É dá sentido a uma ação do presente a partir da construção de um passado baseado na fonte. A interpretação é uma resposta ao problema gerador da pesquisa. E por ser baseadas em Teorias e Historiografias distintas uma mesma fonte quando consultada por Historiadores diferentes produzirá interpretações diferentes, pois cada um dará o sentido que sirva aos seus interesses sejam acadêmicos, políticos ou pessoais. O que todos têm em comum é que estão subordinados a fonte e ao método histórico (problematizar, analisar a fonte, produzir uma interpretação). Ainda que se faça criticas a determinada interpretação está crítica passa o método (a problemática foi mal formulada, a fonte não sustenta a interpretação, outras fontes surgem e colocam em xeque a interpretação) [1] . Próxima postagem sobre  PRODUÇÃO HISTÓRICA [1] Por trata-se de método cientifico, o método histórico supõe, como única verdade, que...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE IV)

A FONTE Sem documentação é impossível produzir História. O Documento é à base do trabalho do Historiador, pois ele é a fonte fornecedora de informação sobre algum problema sujeito à investigação histórica. A fonte deve ser interrogada, desmontada discursivamente, ou seja, analisada. Quando falo em analisar a fonte quero dizer que devemos trazer para luz todo o conjunto de interesses ali presentes. Não é suficiente resgatar a mensagem nela contida, é preciso elucidar todo o jogo de poder que a perpassa pontuando cada elemento de sua estrutura explicita e implícita. O elemento que o Historiador busca em sua fonte é mostra-la enquanto produto de uma ação envolvendo sujeitos históricos que condicionam o sentido da mensagem. Após resgatar a mensagem da fonte o Historiador deve questionar como ela serve aos interesses de seus produtores. Tendo  a mensagem, o emissor, o receptor, o contexto e os diversos interesses da fonte o profissional da História pode construir a sua interpre...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE III)

A TEORIA Antes de entrar em um contato mais intimo com as fontes é necessário treinar o olhar. Isto só é possível por meio da Teoria e da Historiografia. As dificuldades nestes dois campos prejudica toda a pesquisa. A teoria é aqui entendida como uma ferramenta que permite enxergar a realidade a partir de um tipo ideal [1] , o que vai tornando a realidade mais inteligível orientando assim escolhas práticas. Não devemos, todavia tornar uma teoria um verdade imutável , a multiteorização contribui para uma compreensão mais completa da realidade desde que, estes estejam de acordo com o observado e se aplique aquele caso, a teoria nunca é uma totalidade, mas uma particularidade aplicada a casos restritos não cabendo generaliza-la.   A Teoria é fundamental para que se compreenda melhor a fonte em toda a sua complexidade e a partir dela se produza o Conhecimento Histórico. O recorte que a teoria faz permite com que aprofundemos determinado aspecto que interesse a nossa problemá...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE II)

A PROBLEMÁTICA Como citado acima o problema em si não é Histórico, é necessário transmuta-lo em uma questão geradora para a pesquisa , ou seja, uma problemática. Ela possui um recorte temporal e espacial que delimita a pesquisa. Veja o esquema abaixo: Problema Problemática Recorte Temporal Recorte Espacial A ideia de subversão da Prefeitura de Natal na gestão de Djalma Maranhão. Como a Prefeitura de Natal foi construída como espaço de subversão por aqueles que se denominaram como defensores da ordem no período imediatamente posterior â deflagração do golpe de 1964? 1964 Prefeitura de Natal O Decreto 119A, de 1890 e Constituição de 1891  –  dá-se  a   expansão  das  práticas  religiosas  no  espaço  público  em  condição  de igualdade jurídica com o culto católico. Como se dá a atuação política dos modernos-espiritualistas durante a...

CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE I)

O PROBLEMA A base para a construção do conhecimento histórico é a realidade na qual nós historiadores estamos inseridos. Ele emerge de uma carência de orientação temporal de um individuo ou grupo. O problema em sua forma bruta ainda não é próprio da Ciência Histórica, para isto é necessário historicizar e problematiza-lo. Ele tem sempre uma relação direta ou indireta com o contexto temporal e social do Historiador. O profissional da História detecta o problema de formas distintas. Ele pode ser percebido por uma observação do cotidiano (o congestionamento do trânsito em natal); uma experiência pessoal do pesquisador (ter passado por algum tipo de preconceito) ou em sua prática profissional (o contato com uma fonte que o desperte para algum problema/ o questionamento de um aluno durante uma aula). De maneira geral o problema está ligado aos interesses de um determinado grupo social, mas isso não é uma regra geral. Há algumas pesquisas cujo problema atende apenas interesse pesso...

“No riso obrigatório e no pavor”: estudos de gênero e diversidade da expressão da sexualidade no ensino de História

Ecoam por toda  a sala risadas de todos os tipos, nervosas, assustadas, curiosas, prazerosas e culpadas. O que disparou essas risadas? No meio de uma apresentação de seminário um aluno chamou sem querer um palavrão. Mas só isso foi capaz de provocar tanta risada? Não foi o palavrão em si, mas a quebra de uma solenidade assexuada que provocou tanto riso e pavor. Nosso corpo, nosso gênero e nossa sexualidade parecem e aparecem sempre circunscritas entre o prazer e a dor, a curiosidade e o medo, o desejo e a negação do mesmo. Cambaleamos entre oposições perturbadoras, em angústias comuns a toda a existência humana, desde a epigênese da infância. Sempre que falamos das angústias relacionadas ao corpo, ao gênero e a sexualidade ligamos quase que automaticamente a toda uma classe de sujeitos marcados pelo signo da “minoria”, gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais e demais classes. Mas só eles tem esses tipos de angústias? Certamente que não. Todos nós, das mais diferen...