CONVERSAS COM CLIO: A OPERAÇÃO DO MÉTODO HISTÓRICO (PARTE III)
A TEORIA
Antes de entrar em um contato mais intimo
com as fontes é necessário treinar o olhar. Isto só é
possível por meio da Teoria e da
Historiografia. As dificuldades nestes dois campos prejudica toda a
pesquisa. A teoria é aqui entendida
como uma ferramenta que permite enxergar
a realidade a partir de um tipo ideal[1], o
que vai tornando a realidade mais
inteligível orientando assim escolhas práticas.
Não devemos, todavia tornar uma
teoria um verdade imutável, a multiteorização contribui para
uma compreensão mais completa da realidade desde que, estes estejam de acordo
com o observado e se aplique aquele caso, a
teoria nunca é uma totalidade, mas uma particularidade aplicada a casos
restritos não cabendo generaliza-la.
A Teoria é fundamental para que se
compreenda melhor a fonte em toda a sua complexidade e a partir dela se produza
o Conhecimento Histórico. O recorte que a teoria faz permite
com que aprofundemos determinado aspecto que interesse a nossa problemática. Pela sua lente conseguimos enxergar na
fonte aquilo que está quase imperceptível, microscópico a olhos nus e
despreparados.
A Historiografia é outra ferramenta
essencial para trabalhar as fontes. O historiador deve se
apoiar nela como quem se apoia nos ombros de um gigante para ver mais longe do
que já foi feito, para ver o próximo passo, mas sempre embasado no que já foi
produzido. A Historiografia ajuda a
contextualizar melhor a fonte e compreender a temporalidade em que foi
produzida. De posse do contexto de produção [2]
fornecido pela Historiografia e com o direcionamento do olhar dado pela Teoria[3] o
profissional da História está pronto para manipular a fonte.
Próxima postagem sobre FONTE HISTÓRICA
PARA UMA DISCUSSÃO MAIS APROFUNDADA RECOMENDO A LEITURA DO MEU TEXTO Revirando a caixa de ferramentas
[1]O
tipo ideal é, portanto, um instrumento de análise do qual buscamos interpretar
as ações sociais, uma conceitualização que separa elementos da complexidade do
real, e gera uma descrição compreensiva que permite compreender melhor os
aspectos da realidade. CERRI: 2011:9
[2]
Podemos dizer que o contexto de produção se estende desde quem produziu a fonte
até o que estava ocorrendo no período histórico de sua produção. Além de abarcar
seus leitores e possíveis leituras que fizeram da mesma.
[3]
Vale ressaltar que Historiografia e Teoria estão imbricadas muitas vezes de
maneira indissociável e que a separação aqui feita é apenas para fins
didáticos.
Comentários
Postar um comentário