Barreira contra o “Inferno”: a Muralha do progresso no Regime Militar

O texto a seguir é um trecho do artigo 
"Barreira contra o “Inferno”: a construção política da memória do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno em Fernando Mendonça " escrito por 
Cláudio Correia de Oliveira Neto e  Poliana Cláudia Martins da Silva Dantas na ocasião do V Encontro Estadual de História - Caicó em Agosto de 2012. O trecho nos ajuda a entender a relação entre  a Construção do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno dentro das iniciativas de desenvolvimentismo do Brasil no Período do Regime Civil- Militar.
Apreciem sem moderação!
 
A Muralha
Qual o propósito de uma barreira? Não se faz uma barreira senão com o proposito de impedir o trafego de alguma pessoa, coisa e até mesmo ideias. Assim sendo o que ou a quem se prentende barrar? A apresentação da obra em análise nesse artigo parece ser capaz de solucionar o mistério.
Hélio Mamede de Freitas Galvão era advogado, escritor e membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e historiador. Seu curriculo o torna uma figura de autoridade no cenário intelectual do estado no período em questão. Ele é um legitimador do caráter histórico da memória cristalizada em “Barreira do Inferno”.
O aspecto mítico do nome do lugar, que Galvão adjetivou de “obscuro “ e “do qual antes nunca se havia falado”, o atrai. O apavorante topônimo, assim como um abismo,merece uma olhada mais de perto. Atentando ao “conteúdo semântico da expressão” ele revela o porquê de uma barreira, o que deve ser impedido.
[…] se melhor se atenta no conteúdo semântico da expressão,talvez pudesse significar que nas proximidades de Natal se havia erguido uma barreira,uma muralha contra o inferno,isto é ,contra as forças que opõem ao progresso democrático, á paz que é fonte de Justiça” MENDONÇA,1964.

Embora tenha feito uso do misticismo em seu texto, fica claro com a citação acima que o inferno é de outra natureza, é do campo do político. Evidentemente que antes de achar a “paz que é fonte de Justiça” muitas batalhas ainda seriam travadas. Mas a política também tem suas forças ocultas, ou no caso, ocultadas e diluídas em uma demonizada esquerda flamejante. A ideia proposta é que a muralha quando erguida tanto afasta do inferno quanto leva ao paraíso do “progresso democrático”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. A arte de inventar o passado- Ensaios de teoria da História. Bauru:Edusc.2007

 CERTEAU, Michel de. A escrita da História. Rio de Janeiro:Forense.2002.

FONSECA, Pedro Cezar Dutra. Origens do desenvolvimentismo no Brasil. Revista Pesquisa & Debate do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política – Departamento de Economia da PUCSP, SP, Volume 15, n. 2 (26), pp. 225-256, 2004

LE GOFF,Jacques. História e Memória. 5 ed. São Paulo:Unicamp.2003

REIS, Lívia. Testemunho como Construção da Memória. Cadernos de Letras da Universidade Federal Fluminense -. Dossiê: Letras e Direitos Humanos, n. 33, p. 77- 86, 2007.

SEIXAS, Jacy Alves de. Percursos de memórias em terras de história: problemáticas atuais. In: Memória e (res) sentimento: indagações sobre uma questão sensível. Campinas: Editora Unicamp, 2001, p.37-58.

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