Educação Sexual e Ensino de História : um Espaço de Sofhia


A escola não apenas reproduz ou reflete as concepções de gênero e sexualidade que circulam na sociedade como representação dominante, mas ela própria é responsável pela produção dessas concepções. Os alunos aprendem desde muito cedo a reconhecer seus lugares sociais e as aprendem por meio de sofisticadas estratégias que dificultam o seu reconhecimento enquanto produção de subjetividade hegemônica.
O currículo e a educação escolar são espaços diretamente afetados por relações de poder e têm, historicamente, se constituído também como espaços políticos. Ela tem agindo por meio de políticas culturais, que são responsáveis por estabelecer lugares onde vão sendo configurados os modelos e as identidades “normais” e “patológicas”, bem como o que vem a ser o “outro”: o que acaba por se tornar indispensável para a definição e afirmação performativa da identidade central, indicando-lhe o que ela “não é” e quem ela não “deve e não pode ser”.
Não é apenas nas portas de banheiros, muros e carteiras que se inscreve a sexualidade e o gênero no espaço escolar. Ela invade por completo esse campo. As atitudes dos alunos no convívio escolar, o comportamento entre eles, as brincadeiras e paródias inventadas e repetidas, tudo isso exala sexualidade. Ao negar essas múltiplas manifestações, a escola pede o impossível de ser atendido, de que os nossos alunos deixem sua sexualidade do lado de fora da escola.
Justifica-se assim a importância do tratamento de questões relacionadas as relações de gênero e diversidade sexual durante o processo de ensino aprendizagem, visto que a escola não pode mais simplesmente encaminhar ou marcar horário para tratar destas questões, cabe a ela se aprofundar em conhecimentos científicos historicamente construídos e através de discussões e reflexões oportunizar a mudança de atitudes a todos/as os/as sujeitos envolvidos na educação.
A História enquanto Ciência oferece instrumentos que vão para além das naturalizações que envolvem os modos como construímos nossas representações acerca das identidades de gênero e sexualidade e que tendem à marginalização do “outro”. O que significa que a necessidade de pensarmos nossas identidades como construções histórico-culturais se inscreve como um elemento fundamental para a construção de noções de cidadania abertas às relações sociais democráticas de fato. E isso só será possível se aceitarmos o fato de que este é um dos importantes papéis do ensino e da educação histórica.
O projeto em questão pretende construir um espaço para discussão sobre corpo, gênero e sexualidade. Um Espaço de Sofhia (Socialização Filosófica Histórica e Artística) que ultrapasse o falar de corpo, gênero e sexualidade, mas possibilite pensar sobre o que se fala acerca disso de maneira cientifica e sistemática possibilitando aos envolvidos posicionar-se politicamente diante dos fatos presentes a partir da interpretação de suas relações com o passado.
Dividido este grupo de discussões em três blocos temáticos: Bloco I: O corpo em discurso; Bloco II: Homem e Mulher: como fabrica-los? ; Bloco III: Muito prazer! Eu me chamo Sexualidade. Cada bloco com três encontros discussões e cada um com um produto a ser confeccionada pelos alunos a luz da discussão teórica. A produção pode ser uma produção de textos, fichas de leituras, pesquisa, teatralizações, debates, apresentação de seminários e pinturas.
No decorrer dos encontros o grupo deve construir sua autonomia sem o orientador, de tal maneira a se tornar um espaço permanente dentro da instituição para essas discussões sem a necessidade de um professor – tutor, que seja o próprio alunado a tomar para si o dever e o direito de pensar seu corpo, seu gênero e a expressão da sua sexualidade. Não se pretender (in ou com ) formar alguém , mas dar impulso para que se possa pensar autonomamente e transformar ou não o espaço de convivência.
REFERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANDRADE, Andreza de Oliveira.  Currículo, Gênero e práticas culturais: desafios ao ensino de história. XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA,  2007
NOGUEIRA, Daniela Macias.  Gênero e sexualidade na educação. Anais do I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, ISSN 2177-8248. Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010.
         TREVISAN, Rita.. A sexualidade humana: uma visão histórico-social. Disponível em www.ritatrevisan.com.br/pdf/artigos/a-sexualidade-humana.pdf Acesso em 05 mar.2011.


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